quarta-feira, 17 de março de 2010

Consumo recorde de água e energia no Ceará


Nem na seca de 1915 choveu tão pouco. Fevereiro de 2010 foi o mais seco no Ceará nos últimos 98 anos, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Sem a chuva para amenizar o calor, o jeito tem sido recorrer a banhos mais prolongados e ao uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Tanto que os consumos de água e energia bateram recordes.

Dados da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) mostram que o mês de fevereiro de 2010 foi o que teve o maior consumo de água em Fortaleza desde que o órgão foi criado, há 37 anos. O volume líquido foi de 10.998.750 metros cúbicos, 7,7% a mais do que no mesmo período do ano passado. No último dia 11, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) também registrou o maior consumo de energia elétrica da história, com pico de 1.509 MW. Comparado a março de 2009, o crescimento foi de 24,91%.

``Ninguém aguenta mais esse calor. É de matar qualquer um``, comenta o comerciante Márcio Oliveira, 45. Na casa dele, as contas de água e energia ficaram mais caras. ``Comprei ar-condicionado para conseguir dormir. E tomo uns cinco banhos por dia``, diz. Para ele, nunca fez tanto calor em Fortaleza.

No banco de dados da Funceme, há informações de quanto choveu na Capital a partir de 1974. O mês de fevereiro de 2010 foi o mais seco nesses últimos 36 anos. Em média, choveu apenas 25,8 milímetros. Antes, a menor precipitação havia sido em 2001, com 47,6 mm. Para se ter ideia, no ano passado a média foi de 304,9 mm, quase 12 vezes a mais do que o registrado em 2010.

Com relação ao Ceará, os dados da Funceme são mais amplos, com registros das chuvas no Estado a partir de 1912. De lá pra cá, o fevereiro mais seco foi o deste ano. A média foi de apenas 26,5 milímetros, 82,4% abaixo da média histórica. Antes, o fevereiro menos chuvoso era o de 1951, com 28,2 milímetros.

Mais banhos
``O calor incomoda muito. O tempo está quente e com pouca brisa``, observa o professor Cláudio Meneses. Com a temperatura lá em cima, ele e a família passaram a consumir mais água. ``Normalmente, a gente toma uma média de três banhos por dia. Agora tem sido quatro, cinco``, lembra. Além disso, a quantidade de roupa para lavar aumentou. ``A gente sai de casa uma vez e a camisa fica toda suada. Tem que trocar pelo menos duas vezes por dia``, comenta. Este mês, o consumo de água na casa dele foi de 27 metros cúbicos. ``Antes, ficava entre 20 e 21``.

Luiz Celso Braga, um dos gerentes da Cagece, conta que o aumento no consumo de água foi maior do que o esperado. ``É comum que aumente a cada mês, mas é uma variação pequena. Dessa vez, foi um crescimento maior. Por causa do calor, as pessoas tomam mais banhos e de forma mais demorada``.

Mesmo com o calor, é preciso ficar atento para evitar desperdícios, lembra Luiz Braga. ``Esse cuidado é preciso ter sempre, não só nesse momento``, diz. O gerente também garante que não faltará água. ``Já fizemos uma pequena manobra operacional por causa desse aumento no consumo. Substituímos uma bomba por outra de maior capacidade pra conseguir atender a demanda``.

fonte: Jornal OPOVO -Fortaleza -CE

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